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Liberação do primeiro remédio injetável para obesidade no Brasil

Andrea Pereira - Médica Nutróloga


No dia 02/01/2022 a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou o uso do Semaglutida 2.4 mg, chamado Wegovy, uma medicação injetável para obesidade no Brasil.




Atualmente, segundo dados do Ministério da Saúde temos 26% da população brasileira com obesidade, aproximadamente 41 milhões de pessoas, sendo que, 60% dos brasileiros estão com excesso de peso. A World Obesity Federation publicou que em 2030, cerca de 30% dos brasileiros terão obesidade, portanto, teremos um aumento desses números que já são alarmantes.

Nos anos de 2021 e 2022, respectivamente, as revistas New England Medical Journal e Nature, ambas com um grande impacto científico, publicaram o resultado de um estudo clínico, chamado STEP, realizado em pessoas adultas com obesidade sem diabetes e tratados com Semaglutida 2.4 mg, injetável, uma vez por semana. No último estudo, houve uma perda de cerca de 15% do peso em 2 anos. A maioria dos pacientes eram mulheres, com uma idade média de 47 anos, e tinham uma obesidade grau 2, com índice de massa corpórea ≥ 35 kg/m2. Em termos de efeitos colaterais, os mais comuns foram os associados ao sistema digestivo, como naúseas e alterações intestinais.

No Brasil, a semaglutida injetável já é usada para pacientes diabéticos, mas com dose máxima de 1.0mg. Embora, não seja liberada pela ANVISA para obesidade, muitas pessoas já utilizam essa substância para perda de peso. A novidade desse início de ano é a liberação da semaglutida para obesidade na dose de 2.4 mg, injetada no tecido subcutâneo, uma vez por semana. Ainda não temos o preço e nem a comercialização dessa medicação no Brasil, já liberada nos Estados Unidos desde 2021, custando cerca de R$ 7000,00 por mês. Destacamos que a semaglutida não está liberada pelo sistema público de saúde e nem faz parte das medicações subsidiadas no programa farmácia popular, portanto não será acessível economicamente para todos.

Devemos lembrar que obesidade é uma doença crônica com várias causas, portanto nem todo mundo poderá fazer uso dessa substância para perda de peso. E, dependendo do quadro clínico de cada um, outras medicações poderão ser associadas ou usadas isoladamente. É importante também enfatizar que, juntamente com o tratamento medicamentoso, é necessária uma adequação da alimentação, a prática regular de atividade física, acompanhamento psicológico e, muitas vezes a realização de cirurgia bariátrica. Portanto, temos um tratamento multidisciplinar onde a medicação faz parte, mas não sozinha.

Como uma doença crônica sem cura, apenas controle, o tratamento e acompanhamento é para toda a vida. E, de preferência com um profissional especializado. Tudo isso, aumenta muito a chances de sucesso no controle dessa doença tão frequente no Brasil.



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