Bacon, linguiça, salsicha, presunto e outras carnes processadas acabaram de ser elevadas ao patamar mais alto de uma lista não muito agradável. Elas agora fazem parte do grupo 1 da Agência Internacional de Pesquisa do Câncer (Iarc), que é composto por substâncias que comprovadamente aumentam o risco de câncer.
Estudo, realizado por 22 especialistas de 10 países, reuniu conclusões de centenas de pesquisas
Bacon, linguiça, salsicha, presunto e outras carnes processadas acabaram de ser elevadas ao patamar mais alto de uma lista não muito agradável. Elas agora fazem parte do grupo 1 da Agência Internacional de Pesquisa do Câncer (Iarc), que é composto por substâncias que comprovadamente aumentam o risco de câncer.
Desta forma, passam a figurar ao lado de outras já bastante conhecidas, como tabaco, bebidas alcoólicas e radiação solar. O alerta veio de um relatório divulgado ontem pela agência, órgão ligado à Organização Mundial da Saúde (OMS).
Conforme o documento, o consumo de 50g de carne processada por dia, o equivalente a duas fatias de bacon, aumenta o risco de câncer no intestino grosso e no reto em 18%. O aviso veio também para o consumo excessivo de carne vermelha, só que de forma mais branda.
Pela falta de provas mais contundentes, a organização enquadrou este alimento no grupo 2A, composto por substâncias “provavelmente cancerígenas”, e indicando também uma redução no seu consumo. Ela foi associada, além do câncer de intestino, a tumores no pâncreas e na próstata.
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Conforme o médico Carlos Eugênio Escovar, chefe do serviço de Cancerologia Clínica do Complexo Hospitalar Santa Casa de Misericórdia, as recomendações não são novidade. Desde 2008, o Instituto Nacional do Câncer dos EUA alerta para os riscos do consumo excessivo destes alimentos:
— Já é consenso no meio médico que estas carnes devem ser consumidas com muita moderação, mas isso não é somente pelo potencial carcinogênico delas, mas, sim, porque o hábito de comer muitos alimentos processados e ricos em gordura reflete um estilo de vida que pode aumentar o risco de desenvolver diversos tipos de câncer.
Confira os principais argumentos a favor e contra a carne vermelha Indústria do abate repudia conclusões da OMS sobre riscos de carne embutida e vermelha De fato, a decisão de incluir estes alimentos na lista foi tomada com base em uma análise da literatura médica sobre o assunto já existente, feita por 22 especialistas em 10 países, que soma mais de 800 estudos, afirma o próprio relatório.
Mais do que os componentes da carne em si, são os corantes e aditivos somados aos alimentos processados — que servem para aumentar o prazo de validade ou manipular o gosto, por exemplo — os principais responsáveis pelas conclusões da OMS.
Para o médico Gilberto Schwartsmann, chefe do Serviço de Oncologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), as técnicas de conservação destes alimentos contam com produtos potencialmente causadores de tumores e, por isso, devem ser consumidos com muita moderação:
— Esta é uma recomendação que já se encontra em publicações científicas, pois os malefícios destes produtos já foram comprovados. O hábito de comer muitos alimentos processados deve ser evitado pelo potencial de causar principalmente tumores no trato intestinal, onde esses produtos são processados e ficam mais tempo.
No entanto, isso não significa que consumir bacon, por exemplo, seja tão ruim quanto fumar. O risco de desenvolver câncer no intestino por causa do consumo moderado de carne processada continua pequeno, mas aumenta conforme a quantidade consumida. Já o hábito de fumar pode elevar em até 40 vezes a chance de desenvolver câncer de pulmão quando comparados aos não fumantes.
Especialistas explicam que as novas recomendações não devem ser encaradas de maneira alarmistas, já que muitos destes alimentos, em especial as carnes vermelhas, têm alto valor nutricional e, por isso, não precisam sair do cardápio.
— Está claro nos estudos que uma pessoa não precisa parar de comer carne vermelha ou embutida, mas, sim, deve reduzir a quantidade, já que podem ser ótimas fontes de proteína — explica a médica Andrea Pereira, nutróloga especialista em oncologia do Hospital Albert Einstein, de São Paulo.
Conforme Andrea, as sociedades brasileira e americana de oncologia recomendam um consumo de até meio quilo de carne vermelha por semana (100g por dia) — já que elas são ricas em proteínas, ferro e vitamina B12. Já as processadas, pela grande quantidade de conservantes e de sal, devem ser consumidas em quantidades menores.
— O que sempre recomendamos é manter uma alimentação saudável, que mescle carne vermelha com peixes, ovos, vegetais. Enfim, o mais indicado é equilibrar todos esses alimentos ao longo da semana — resume a especialist
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